Construído no ano que dá nome à casa, o Palacete 1922 foi a residência de Jorge Lobato Marcondes Machado, um engenheiro que havia se mudado para Ribeirão Preto em 1905, vindo de Taubaté (SP), e de sua esposa, Anna, filha do fazendeiro Joaquim da Cunha Diniz Junqueira.
Como engenheiro civil, Jorge Lobato trabalhou na construção dos ramais de Igarapava e de Pontal da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Atuou também como comerciante, agricultor, empresário e foi dono da Casa Bancária Jorge Lobato e da Fazenda Palmital, na cidade de Sertãozinho (SP), de onde comercializava as águas minerais da Fonte Palmital.
Jorge Lobato também participou ativamente do cenário político de Ribeirão Preto. Foi vereador pelo Partido Republicano Paulista (PRP) nos anos de 1926-1929 e 1929-1932, e foi eleito Presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto em 27/04/1929. Do casamento com Anna Junqueira, nasceram os filhos Maria Silvia, Laura, Henrique, Vera e Luiz.
Ao entrar no Palacete 1922, temos a sensação de estar na década 20. Com projeto arquitetônico original de Adhemar de Moraes, a casa é um marco do estilo neocolonial deste período, que representa a identidade da arquitetura brasileira numa época em que Ribeirão Preto chegou a ser a maior exportadora de café no mundo.
As referências da arquitetura do barroco brasileiro estão em detalhes da fachada, no telhado com beiral e nas linhas mais limpas. Em Ribeirão Preto, nós tínhamos outros exemplares deste estilo neocolonial, mas foi quase tudo demolido. Hoje o Palacete 1922 é o único! O Palacete foi uma das primeiras construções a romper com o modelo de cômodos interligados, característico de famílias patriarcais. No térreo, estavam as salas de recepção, de música, de visitas, de jantar, escritório, banheiro, cozinha, despensa e escada de acesso. No andar superior, ficavam seis dormitórios, duas varandas, banheiro e o hall da escada.
Construída pelo escritório ribeirão-pretano Geribelo & Quevedo, de propriedade dos engenheiros Afonso Geribelo e João Quevedo, o Palacete 1922 tem características comuns às casas das famílias mais abastadas dessa época: o afastamento em todos os lados da edificação principal, cercado por jardins e área de serviço.
A habitação dos funcionários ficava em uma construção separada da casa. Na cozinha do Palacete, havia um sistema por onde os funcionários da casa eram chamados de qualquer dormitório.
Tombado em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) de Ribeirão Preto, o Palacete ficou fechado por 24 anos, praticamente sem nenhuma manutenção.
No final de 2014, a casa foi adquirida pelos irmãos, Hector e Ingrid Sominami Lopes. Quando entraram no imóvel, encontraram muita sujeira e muitos gatos, em torno de 60! Os animais foram resgatados e colocados para adoção com a ajuda da AVA – Associação Vida Animal.
Em 2015, iniciava o restauro do Palacete 1922.